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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

ALBERT PYUN - ENTREVISTA

Albert Pyun é reverenciado por muitos admiradores de thrillers de ficção científica, aventuras com pancadaria e ação com toques cyberpunk, e odiado por grande parte da crítica. Começou a fazer filmes antes de atingir a adolescência, filmando pequenos curtas de aventuras em Super 8, ainda nos anos 60. Anos depois, convidado por um dos mais populares atores japoneses de todos os tempos, Toshiro Mifune, para estagiar no País do Sol Nascente, Pyun foi aprendiz do Diretor de Fotografia e cameraman Takao Saito, o favorito do diretor Akira Kurosawa (Sato e Kurosawa foram parceiros em vários clássicos, incluindo Céu e Inferno – quase refilmado por Walter Salles Júnior com Martin Scorsese na produção - Dodeskaden, Kagemusha, Ran,etc).

Nos anos 80, ele estreou com aquele que é o seu mais elogiado filme: A Espada e os Bárbaros, estrelado pelo popular Lee Horsley, que veio a protagonizar a série policial televisiva Caixa Alta, e o talentoso ator shakesperiano Richard Lynch, vilão em Invasão USA e Cut & Run, do grande artesão italiano Ruggero Deodato. Alguns outros que ele realizou foram: Viagem Radioativa, Caçada Perigosa, Down Twisted - uma espécie de Tudo por uma Esmeralda -, Uma Estranha em Los Angeles, Cyborg, Capitão América; Bloodmatch (outro filme praticamente desconhecido no Brasil), e Dragões para Sempre.

Entrando na década de 90, podemos destacar Kickboxer 2, sem o astro do original (não dirigido por Albert).  O terceiro da série, feito no Rio de janeiro, não contou com Pyun na direção. mas o quarto, sim (com a participação dos lutadores de jiu-jitsu brasileiros Rigan e John Machado). Também fez Dollman, com o ex-comediante de stand-up Tim Thomerson e Nemesis, estrelado pelo expert parisiense em kickboxing, Olivier Gruner, que acabou tendo três sequências, todas dirigidas por Pyun.

Também praticamente desconhecida no Brasil, Brain Smasher – A Love Story, uma aventura urbana estrelada pelo polêmico comediante standup de ´blue comedy´ (linguajar chulo) Andrew ´Dice´ Clay; A Exerminadora é um delirante filme de ação com Lance Henriksen e o cantor e ator Kris Kristofferson, além do bom Gary Daniels; ja Heatseeker – O Último Desafio é um longa que mistura cyborgs com humanos lutando até a morte e é bem divertido.

No fim da década de 90, Pyun fez três filmes com rappers (realizados em mídia digital) no subgênero Urban Drama (filmes sobre a violência nos guetos afroamericanos). Nos anos 2000, o cineasta tem feito longas em suporte digital, como Left for Dead (rodado na Argentina e apresentado com exclusividade no Brasil no Fantaspoa), um dos projetos que o diretor mais gostou de fazer e está mais prolífico que nunca (Road to Hell e Tales of an Ancient Empire, por exemplo), com inúmeros filmes nos mais variados estágios de finalização.

Você era um aficcionado por cinema durante a sua infância no Havaí?

Pyun: Oh, sim! Eu tentava assistir a tudo especialmente filmes feitos estrangeiros e produções asiáticas que eram populares no Havaí.

Quais foram algumas de suas memórias cinematográficas mais antigas?

Pyun: Eu me recordo de um cinema que o estúdio japonês Toho construiu que tinha o design e uma atmosfera de um templo. Era mágico assisitir a filmes lá dentro. Lá eu vi a O Satânico Dr. No e Moscou Contra 007 em sessão dupla e aquilo me impactou. Anos depois, 2001: Uma Odisseia no Espaço e Por um Punhado de Dólares me deixaram impressionado com o seu visual e sensibilidades criativas e originais. Eu acho que o meu estilo de filmar foi muito influenciado por obras de Jean-Luc Godard, Buñuel, Leone. Eu sempre amei os filmes deles. Sempre foi muito entusiasmante para mim vê-los ir além do convencional.

Quais foram as mais importantes lições que você aprendeu com Akira Kurosawa?

Pyun: Estar preparado e focado. O lado artístico eu aprendi com o Diretor de Fotografia Takao Saito. Ele me ensinou muito sobre como utilizar a composição e cor para contar uma história e nos mostrar personagens.

Como você se tornou um pupilo do lendário astro Toshiro Mifune?

Pyun: Ele viu um curta amador que fiz e sabia que era difícil para um asiático vencer na indústria de Hollywood na época. Daí ele decidiu me apoiar de verdade no meu sonho de me tornar um cineasta.

Por favor nos fale sobre a influência que o Cinema Peplum – plural Pepla (filmes do tipo ´Sword-and-Sandal´-´Espada-e-Sandália´, épicos tratando de temas históricos e/ou bíblicos, realizados na Itália entre 1957 até 1965) -, e, seu subgênero/primo, ´Sword-and-Sorcery´ que ajudou na criação (Pyun foi um dos roteiristas) de A Espada e os Bárbaros.

Pyun: Esses filmes não me influenciaram. Eu nunca fui fã daquele tipo de filmes de fantasia com o personagem Sinbad. Na verdade, Os Três Mosqueteiros, dirigido por Richard Lester, e O Vento e o Leão, de John Millius, foram as minhas mais fortes influências em A Espada e os Bárbaros.

Os dois protagonistas em Viagem Radioativa agem como se não pertencessem à era futurística em que vivem Os seus filmes, na maioria das vezes, se passam em diferentes eras/civilizações…dá para deduzir que existe um paralelo entre isso e a sua pessoa?

Pyun: Eu acho que há, sim. Eu sempre me senti ´fora´ do que rola no mundo do Cinema mas nunca tanto como hoje em dia! As coisas mudaram tanto desde que eu comecei a fazer filmes que eu acho que estou ´fora de lugar´ agora. Sou meio que uma ´relíquia´. A razão que me leva a escolher diferentes eras e civilizações é que eu sempre me atraí pela ideia de criar um universo a partir da minha imaginação. Não o mundo ´do jeito que ele é´, mas sim ´da forma como poderia ser´.

Os seus filmes possuem um ´look´ bem particular. O seu mais frequente Diretor de Fotografia foi George Mooradian. Fale para a gente um pouco de sua parceria criando a ´atmosfera´ de seus projetos.

Pyun: A colaboração com o George sempre foi muito produtiva e empolgante. Nós dois vemos o mundo com os mesmos olhos! Ambos acreditamos que contar histórias deve ser algo bem ´visual´. George é destemido e agressivo na sua fotografia. Ele filmou algumas cenas para mim no meu recente Tales of an Ancient Empire. Nós dois somos ´perigosos´ juntos! Quando crio um LOOK, busco no roteiro algum tema ou significado subjetivo que me ajudem a elaborar o lado visual.

Ravenhawk, Cyborg, Omega Doom, A Exterminadora e partes da saga Nemesis possuem um clima que lembra faroestes italianos, ainda que não se passem no Velho Oeste. Fale um pouco sobre as suas influências nos EuroWesterns.

Pyun: Sim, todos eles foram influenciados pelo estilo operático e teatral de Leone. Meu recente filme, Left for Dead, também é.

Jogo de Assassinos lembra muito a atmosfera de alguns filmes de ação chineses, com movimentação de câmera frenética e cenas de tiroteio intensas. Bloodmatch, Kickboxer 2 e 4 são filmes de artes marciais. Que cineastas chineses o senhor emula com mais frequência?

Pyun: King Hu foi uma grande influência, bem como o Tsui Hark e a criatividade de Raymond Chow.

Muito se falou na imprensa sobre produtores e/ou distribuidores interferindo nos seus filmes…Ticker, estrelado por Steven Seagal, Dennis Hopper e Tom Sizemore, por exemplo, teria sido remontado à sua revelia. O que realmente ocorreu ali?

Pyun: Na última hora, o nosso orçamento foi cortado pela metade…não o orçamento referente aos salários dos astros mas o de filmagem. Tivemos, então, que cortar o número de dias programado para filmagens e assim, perdemos a maioria das cenas de ação mais elaboradas que teríamos para fazer. O que eu ouvi dizer é que a intenção foi de me prejudicar e fazer com que a Nu Image tomasse conta do projeto e completasse tudo com cenas de outros filmes deles. Foi uma experiência amarga para mim.

Você chegou perto de filmar Homem-Aranha mas o projeto não vingou. O senhor viu os Homem-Aranha realizados, anos depois, por Sam Raimi? O que achou deles?

Pyun: Eu gostei. Do Raimi o que eu mais gosto é o western Rápida e Mortal.

O diretor John Stockwell  primeiro teve a oportunidade de trabalhar numa função por trás das câmeras com você escrevendo o roteiro do seu Caçada Perigosa em 1985. Como foi a sua experiência trabalhando com Stockwell?

Pyun: Bem, John é uma pessoa bem inteligente e um artista de talento. Eu gostei de trabalhar com ele pois ele é talentosamente agressivo, tem ideias criativas e tem coragem de tentar. Ele também é dedicado e trabalha pesado, algo que eu admiro.

Norbert Weisser (também conhecido por O Expresso da Meia-Noite), Thom Mathews (de A Volta dos Mortos-Vivos e A Volta dos Mortos-Vivos 2), Nicholas Guest (co-estrelou Au Pair, com a sex symbol portuguesa Ana Padrão), Scott Paulin (de Turner & Hooch – Uma Dupla Quase Perfeita) e o surfista Vince Klyn são alguns atores que atuaram para você em várias ocasiões. Conte para nós como é trabalhar com essa espécie de Pyun Stock Company/´Companhia de Atores de Albert Pyun´.

Pyun: Primeiro, o que eu busco é o talento e a presença cênica que eles trazem aos seus papéis. Eu gosto de Norbert pela sua honestidade e falta de medo, Scott pelo intelecto e ponto-de-vista criativo, Thom pelo seu humor e flexiblidade, Nicholas pelo profissionalismo e senso de humor ácido e Vince pela sua fisicalidade. Meus projetos são filmados em tão pouco tempo que eu preciso contar com a habilidade deles de se prepararem para os papéis.

Como você poderia descrever, em poucas palavras, a sua experiência de trabalhar com a produtora independente Cannon Films, dos primos israelenses Menahem e Yoram Globus?

Pyun: Bem, foi uma loucura. Minha primeira experiência numa com uma espécie de grande estúdio. Foi entusiasmante pois eles tinham filmes e mais filmes programados para ser feitos. Uma vez que os problemas financeiros se agravaram, parou de ser ´divertido´ e passou a ser ´melancólico´.

Ruas de Fogo e A Espada e os Bárbaros são longas com legiões de fãs ao redor do mundo, verdadeiros cult movies. Você recentemente rodou duas ´semi-seqüências´ para eles, Road to Hell e Tales of an Ancient Empire. Considerando os anos que se passaram desde que os originais, foram lançados nas telonas e depois em VHS, você pensa que as plateias dos dias de hoje se interessarão nos filmes?

Pyun: Eu espero que sim! Havia magia nesses filmes nos anos 80, uma magia desconhecida pelo público de hoje. Assim, a experiência de vê-los será refrescante e divertida!

Grato pela atenção, Sr. Pyun.

Pyun: Obrigado pelo seu interesse e apoio!

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