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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

NINJA, A MAQUINA ASSASSINA (1981)

 FILMES PARA DOIDOS


FICHA TÉCNICA

Enter the Ninja (1981, EUA)
Direção: Menahen Golan
Elenco: Franco Nero, Susan George, Sho Kosugi,
Christopher George, Alex Courtney, Will Hare,
Zachi Noy e Constantin de Goguel.

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Um ninja bonzinho foge pela selva perseguido por incontáveis ninjas malvados. O herói está vestido com uma roupa totalmente branca, o que certamente não traz nenhum benefício ao fator camuflagem... Mas isso não faz muita diferença, considerando que os trajes usados pelos malvados são vermelhos! Após matar uns 20 ou 30 inimigos (milagrosamente sem sujar seu traje impecavelmente branco com o sangue que esguicha dos ferimentos), nosso heróico ninja chega a uma casa, e então descobrimos que a matança não passou de uma espécie de "prova final" do "curso avançado de ninjas", e era tudo de brincadeirinha - todos os ninjas vermelhos que ele "matou" estão vivos e bem, apesar de ele inexplicavelmente ter cortado gargantas, atravessado corpos e até decepado cabeças durante o teste! E é quando o ninja branco finalmente tira a sua máscara, revelando um bigodudo Franco Nero (sim, o ator italiano de "Django" e "Keoma"!), que você percebe estar diante de um filme no mínimo diferente.
É assim que começa NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA, produção norte-americana de 1981 que serviu como iniciação nos "filmes de ninja" para boa parte do mundo ocidental, lançando a "moda ninja" que perduraria pelos anos 80. Este filme B também iniciou os brasileiros no mundo do nin-jitsu, já que foi incontáveis vezes reprisado pela Globo naqueles áureos tempos em que a programação da TV pelo menos era divertida.

Fica clara a intenção dos produtores de faturar em cima do sucesso das produções de ação orientais desde o título original, "Enter the Ninja" - um óbvio plágio de "Enter the Dragon" ("Operação Dragão", sucesso de Bruce Lee lançado em 1973).Mas não se engane, caro leitor: NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA é um autêntico FILME PARA DOIDOS, uma bobagem tão ruim e ao mesmo tempo tão engraçada e divertida que pode muito bem ser taxada de trash. E isso por uma série de fatores, mas principalmente pelo fato de trazer um cowboy dos spaghetti western fazendo papel de ninja (!!!). 

Claro, os produtores só esqueceram um pequeno detalhe: os olhos azuis de Franco Nero podem até ficar "cool" na roupinha de ninja branco, mas o negócio dele é atirar e cavalgar, e não lutar nin-jitsu! A solução encontrada foi substituir o italiano pelo dublê Mike Stone (também coreógrafo das cenas de ação) na maior parte do filme. Por isso, toda vez que o herói aparece lutando de costas para a câmera, não é desleixo do diretor, mas sim o dublê Stone assumindo o comando! Bem, esta produção dirigida por Menahem Golan (o israelense que era o cabeça da famigerada Cannon Films, ao lado do parceiro de longa data Yoram Globus) pode até não ter sido a primeira obra ocidental a trazer ninjas, considerando que "Elite de Assassinos" (1975), de Sam Peckinpah, e "Octagon" (1980), estrelada por Chuck Norris, vieram antes, e já traziam os hoje populares guerreiros mascarados. Porém foi NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA quem popularizou o "estilo ninja" no Ocidente: não só suas roupinhas características, mas também clichês como as bombas de fumaça para aparecer/desaparecer, as armas típicas (shurikens, nunchakus...) e a fama de assassinos invencíveis.

Voltando ao filme: estávamos na formatura do personagem de Franco Nero, chamado Cole, na tal "academia avançada de ninjas" do Japão. E embora sua habilidade seja elogiada pelos colegas e pelo seu mestre, um dos alunos não está satisfeito com o fato de um "ocidental" ser considerado ninja. Ele é Hasegawa (Sho Kosugi), o tradicional ninja preto desse tipo de filme, o que significa que ele é o vilão. Mas, infelizmente, o personagem é esquecido até o final, e a história segue outro rumo. Cole vai para as Filipinas visitar Frank Landers (Alex Courtney), um velho amigo dos tempos da guerra, que está com uma bela propriedade em Manila (capital do país) e uma bela esposa, Mary Ann (a inglesa Susan George, de "Sob o Domínio do Medo").

Só que o reencontro com o velho amigo não será dos mais tranqüilos: uma quadrilha de gângsters anda pressionando Frank para vender suas terras, já que, veja você, descobriram que há um grande poço de petróleo naquela área. Como o cabeça-dura não quer vender a propriedade, os bandidões partem para a violência - e a sorte de Frank é que o ninja branco Cole chegou para ajudá-lo. Então o herói passa o filme inteiro exterminando facilmente todos os vilões, até que o grande chefão, Charles Venarius (o canastrão Christopher George, de "O Terror da Serra Elétrica), contrata o ninja preto Hasegawa para um reencontro nada amigável com seu ex-colega de academia, na tradicional luta final entre ninjas.

Contando assim, NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA pode até parecer um filme sério. Mas não é. Há um senso de humor que permeia a película toda, às vezes de propósito, mas às vezes involuntário. Por exemplo: os vilões, descontando o ninja de respeito interpretado por Sho Kosugi, estão entre os maiores palermas já mostrados pelo cinema de ação em todos os tempos. O chefão de tudo, Venarius, é apresentado com trejeitos homossexuais, e a interpretação de George não ajuda em nada - tanto que sua exagerada e caricatural cena de morte em câmera lenta corre pelo YouTube como "a pior cena de morte de todos os tempos".

Venarius é assessorado por um tal de "mister Parker" (Constantin de Goguel), que faz tudo para o chefe (tente contar quantas vezes Venarius chama "Mister Parker" durante o filme todo), e por um alemão com um gancho no lugar de uma das mãos (!!!), Siegfried, interpretado por Zachi Noy (que era sempre o gordinho atrapalhado nas comédias da série israelense "Lemon Popsicle", uma delas lançada no Brasil nos tempos do VHS com o enganoso título "O Último Americano Virgem 2").Continuando a seqüência de bobagens, a substituição de Franco Nero pelo dublê nas cenas de ação é tão evidente ao longo do filme que chega a provocar gargalhadas. Numa das mais toscas, o ninja branco está sob uma árvore (interpretado pelo dublê Stone), e desce do galho com uma pirueta. É então substituído por Franco Nero, que sai de trás de uma moita como se tivesse pulado ele mesmo da árvore. Só que é possível ver, ao fundo, o dublê vestido com a mesma roupa branca deitado no chão!!!
E por mais que você se esforce, não tem como engolir Django no papel de guerreiro ninja. Na primeira vez que o velho Franco tira a máscara, e você vê aqueles olhos azuis e o bigodão característicos do ator, parece até coisa do Village People - não sei como a famosa banda gay não incorporou um personagem ninja à sua formação após o sucesso deste filme!Para piorar, as seqüências de luta, embora bem realizadas e filmadas (principalmente na formatura do herói, no início), são muito pobres mesmo para os padrões da época: somente o (rápido) duelo final entre ninja branco e ninja preto provoca alguma emoção no espectador, enquanto o restante dos adversários o herói tira de letra facilmente.  


O destaque dado pelo diretor Golan não é para as lutas e para a habilidade dos lutadores, mas sim para a violência, com uma contagem de cadáveres altíssima: há incontáveis cenas de shurikens, punhais e flechas atingindo coadjuvantes, inclusive no rosto, e as sangrentas espadadas de praxe (dê uma olhada no trailer). A conclusão é particularmente exagerada: encarnando uma espécie de Rambo ninja, o herói usa todo o arsenal de armas que tem à disposição para despachar os homens de Venarius, ao invés de optar por uma única arma! E sempre sem sujar a sua roupinha branca (o cara deve gastar muito Omo no uniforme).

Se NINJA, A MÁQUINA ASSASSINA serviu para alguma coisa, além de tornar os ninjas populares também no Ocidente, foi para colocar em evidência o ótimo Sho Kosugi. O ator japonês havia feito apenas três filmes baratos em Hong-Kong (um deles foi o clássico trash "Bruce Lee Fights Back From the Grave", em 1976!!!), e foi "importado" para os EUA após o sucesso de "Enter the Ninja" - mais ou menos como os estúdios norte-americanos fazem até hoje, com Jet Li, Jackie Chan, Chow-Yun Fat e muitos outros. Nos EUA, Sho ganhou destaque em uma série de filmes muito melhores do que este, inclusive duas continuações sem relação com o original, "A Vingança do Ninja" (1983) e o clássico "Ninja 3 - A Dominação" (1984), sempre interpretando personagens diferentes. (Curioso: se os três filmes não têm relação entre si, por que não lançá-los como produções independentes ao invés de forçar uma relação? Sho está na ativa até hoje, embora não mais tão famoso quanto nos anos 80, e em 2009 integrou o elenco da produção norte-americana "Ninja Assassin", dirigida pelo mesmo James McTeigue de "V de Vingança".)

Se formos analisar "Enter the Ninja", "A Vingança do Ninja" e "Ninja 3" como uma franquia sólida, este primeiro é, de longe, o mais fraco dos três. Mas ainda assim é bastante divertido, desde que o espectador consiga desligar o cérebro e assisti-lo sem levar a sério. No final, quando Franco Nero dá uma piscadinha diretamente para a câmera, é como se ele estivesse confirmando que tudo não passa de uma grande brincadeira, ou uma grande bobagem, e o essencial é dar umas boas gargalhadas com a ruindade do filme. E como os americanos não aprendem a lição, quatro anos depois a mesma Cannon Films saiu-se com outro clássico do Domingo-Maior, "American Ninja", de Sam Firstenberg, igualmente estrelado por um outro ator ocidental (aqui o projeto de astro Michael Dudikoff) que não convence como ninja e nem sabe lutar. Mesmo assim, e isso é irônico, "American Ninja" também foi um sucesso, e até deu origem a uma série de filmes! Uma prova de que o público daqui gostava mesmo era das estilosas roupinhas ninja, sem ligar muito para as lutas desajeitadas dos atores ocidentais...



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