Jack é um executivo yuppie, trabalha como investigador de seguros, mora confortavelmente, mas sua ansiedade o faz conviver com pessoas problemáticas como a viciada Marla Singer e a conhecer estranhos como Tyler Durden. Misterioso e cheio de ideias, Tyler apresenta para Jack um grupo secreto que se encontra para extravasar suas angústias e tensões através de violentos combates corporais.
FICHA TÉCNICA
Título Original: Fight Club.
Origem: Estados Unidos / Alemanha, 1999.
Direção: David Fincher.
Roteiro: Jim Uhls, baseado em livro de Chuck Palahniuk.
Produção: Ross Bell, Cean Chaffin e Art Linson.
Fotografia: Jeff Cronenweth.
Edição: Jim Haygood.
Elenco: Edward Norton, Brad Pitt, Helena Bonham Carter, Meat Loaf, Zach Grenier, Richmond Arquette, David Andrews, George Maguire, Eugenie Bondurant, Christina Cabot
Música: The Dust Brothers.
O QUE EU VÍ DO QUE EU VI

Ví um dos melhores, mais irônicos, mais geniais filmes da dácada de 90...Haaah..Chega né? Estou eu elogiando um filme deste genial diretor de novo.
Ta bom, vamos aos defeitos:
1º -
2º -
3º -
4º - putz, não achei nenhum!!! Então, para não falar bem de tudo, vou falar mal do pênis que aparece no final...
ANÁLISE
Em 1871, quando tinha 16 anos, francês Arthur Rimbaud escreveu uma carta onde explicava sua teoria poética. Para ele, o artista tinha que expor a alma, experimentar “todos os venenos” para tornar-se um poeta – sábio, um passo à frente dos semelhantes. Tire os floreios da linguagem e o que sobra é mais ou menos a filosofia de Tyler Durden: só despindo-se de todos os resquício de humanidade é possível encarar a verdade frente a frente, de igual para igual. Tyler Durden, para quem não sabe, é o mestre zen às avessas que vira inspirador do protagonista de “Clube da Luta”, o filmaço de David Fincher que é a cara na sociedade contemporânea, brutal e hiper-acelerado.

Da mesma maneira que havia feito no espetacular policial “Seven”, Fincher apostou alto em “Clube da Luta”. Criou uma obra ambiciosa, apaixonada e apaixonante. Nada no filme é despretensioso; a construção da trama e dos personagens acontece de maneira meticulosa. O roteiro enfoca dois rapazes que criam uma espécie de pesadelo gestaltiano para extravasar emoções (liretalmente, um clube noturno onde os homens de reúnem para bater uns nos outros e, espécie de desejo secreto de todos, apanhar). O filme expõe a violência de forma tão crua que incomoda. Como nos socos levados por Jack, as feridas abertas pela obra de Fincher insistem em não cicatrizar. Um cruzamento de “Laranja Mecânica” com a minissérie de quadrinhos “O Cavaleiro das Trevas”, de Frank Miller.

“Clube da Luta” é o tipo de filme polêmico que deixa uma cicatriz nos anos 1990. A rigor, trata-se de uma das primeiras obras que procuram, ainda que de forma meio desorientada, refletir sobre a apatia, a letargia de toda uma geração, que vê o mundo escorrer pelo ralo e parece mais preocupado em largar mais cedo do trabalho para se trancar em casa e jogar Nintendo, ou assistir à novela das oito. O discurso de Fincher é uma metralhadora giratória. Anti-religião, anti-consumismo, anti-TV, anti-tudo. Niilista, mas freudiano também. Não procura respostas apenas no mundo exterior, como o brilhante e surpreendente terceiro ato do filme (quando a verdadeira identidade de Tyler Durden é revelada) deixa evidente.

A reflexão interior é a chave para entender “Clube da Luta” – e, de quebra, os outros filmes do diretor, incluindo o subestimado “Vidas em Jogo”. No caso de “Clube da Luta”, as pistas para compreender isso estão espalhadas ao longo da produção. A luta que Fincher deseja enfocar é mais espiritual do que física. Isso mesmo. O cineasta flagra o homem brigando si mesmo, contra um destino imposto por algo maior do que ele (no caso, a sociedade criadora de regras de comportamento que ele mal compreende), um espelho que, no clube da luta do título, toma forma de um colega. Como Lúcifer, o homem de Fincher cai, mas arrogante até o fim.

O clube da luta é uma das melhores metáforas dos últimos tempos. E, através dela, é possível compreender que a filosofia de Rimbaud também é a filosofia de Fincher. Tyler Durden: um poeta de fim de milênio. Além disso, é uma metáfora edipiana muito engenhosa. Um exemplar moderno e raro de tragédia grega, que alinhava brilhantemente as obras anteriores do diretor. Em “Alien 3”, o monstro se escondia dentro da tenente Ripley; em “Seven”, a ira do detetive Mills põe tudo a perder no final; em “Vidas Em Jogo”, é a arrogância do milionário que quase transforma sua vida em ruína. Antes, o cineasta sussurrava. Em “Clube da Luta”, Fincher grita: “Meu maior inimigo está dentro de mim”.

Tudo, absolutamente tudo no filme tem o rosto do diretor. O roteiro de Jim Uhls é uma pequena gema, que capricha especialmente nos diálogos (preste bem atenção na cena em que Jack e Tyler Durden conversam pela segunda vez, em um bar – a filosofia do filme está resumida ali). A direção de arte faz maravilhas, especialmente nas locações (o apartamento de Jack e a casa de Tyler são cenários hiper-detalhados e comunicam muito sobre seus donos). Além disso, a dupla Edward Norton e Brad Pitt nunca desempenha abaixo da perfeição, dando um espetáculo à parte dos papéis centrais. Há ainda o som e trilha sonora, um retrato perfeito da ‘geração 90’.
Prepare-se: quando os créditos do filme subirem, ao som da sarcástica “Where Is My Mind?” (Pixies), você estará testemunhando um dos exemplares mais bem acabados do cinema de denúncia social da geração 90. É uma ironia das ironias, travestida de produto elegante.
REGRAS DO CLUBE DA LUTA
1 - Você não fala sobre o Clube da Luta.
2 - Você não fala sobre o Clube da Luta.
3 - Quando alguém disser "pare" ou perder os sentidos a luta acaba.
4 - Só duas pessoas em cada luta.
5 - Uma luta de cada vez.
6 - Sem camisa, sem sapatos.
7 - As lutas duram o tempo que for necessário.
8 - Se é a sua primeira noite no Clube da Luta, você tem que lutar.
FRASES
"Trabalhamos em empregos que não gostamos, para comprar um monte de coisa que não precisamos."
"Somos uma geração sem peso na história.
Sem propósito ou lugar.
Nós não temos uma Guerra Mundial.
Nós não temos uma Grande Depressão.
Nossa Guerra é a espiritual.
Nossa Depressão, são nossas vidas.
Fomos criados através da tv para acreditar que um dia seriamos milionários, estrelas do cinema ou astros do rock.
Mas não somos."
"Esta é a sua vida, e ela está acabando um minuto de cada vez."
"As coisas que você possui acabam possuindo você."
"É apenas depois de perder tudo que somos livres para fazer qualquer coisa"
"Primeiro você tem que se entregar, primeiro você tem que saber não temer, saber que um dia você vai morrer."
"Você não é o que faz para viver. Você não é a sua família e não é quem pensa que é. Você não é o seu nome.Você não é os seus problemas. Você não é a idade que tem. Você não é suas esperanças."
"Escutem aqui, vermes. Vocês não são especiais. Vocês não são um belo ou único floco de neve. Vocês são feitos da mesma matéria orgânica em decomposiçao como tudo no mundo."
"A camisinha é o sapato de cristal da nossa geração. Você calça um quando conhece um estranho, dança noite toda, depois joga fora, a camisinha, é claro, não o estranho!"
"Por que será que vivemos trabalhando para produzir o que não consumimos e, em troca disso, consumimos o que não nos é útil e temos o que não utilizamos, e, por fim, nunca estamos satisfeitos?"
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