Na trama, Mikael Blomkvist (Daniel Craig, de A Casa dos Sonhos) é um jornalista econômico determinado a restaurar sua honra, depois de ser condenado na justiça por difamação. Ele é contratado por Henrik Vanger (Christopher Plummer, indicado ao Oscar 2012 por Toda Forma de Amor), um dos industriais mais ricos da Suécia, para investigar o desaparecimento de sua sobrinha Harriet (Moa Garpendal), há 36 anos. Para este trabalho, se muda para uma ilha remota na costa gelada da Suécia sem saber o que o aguarda. Ao mesmo tempo, Lisbeth Salander (Rooney Mara, de A Rede Social), hacker da Milton Security, é contratada para levantar a ficha e os antecedentes de Blomkvist, missão que será o ponto de partida para que ela se una a Mikael na investigação de quem matou Harriet. O filme recebeu cinco indicações ao Oscar 2012, entre elas, melhor atriz (Rooney Mara), mas venceu apenas como melhor montagem.
A semelhança desse caso com a produção de “Os Infiltrados” (2004), de Martin Scorsese, talvez explique – pelo menos em parte – esse mistério. Como se sabe, o longa-metragem que finalmente deu Oscars de melhor filme e direção ao grande cineasta ítalo-americano de Nova York adaptava, em Hollywood, um filme asiático também lançado dois anos antes. Na época em que “Os Infiltrados” entrou em produção, não parecia certo que um artista do calibre de Scorsese se contentasse em fazer refilmagens. Mas, em certo sentido, a estratégia deu certo. Scorsese conseguiu a maior bilheteria da carreira e ganhou seu muito merecido Oscar, criando um ótimo filme. O fato de que o resultado final era bastante parecido com “Conflitos Internos” (2002) não parecia importar muito.Há, talvez, um par de cenas no filme de David Fincher que não estão no outro filme. De resto, os eventos mostrados são basicamente os mesmos (Fincher decidiu incluir flashbacks do desaparecimento ocorrido em 1966, evento central da trama, que é investigado por Mikael e Lisbeth, os dois protagonistas), e os personagens têm caracterizações muito parecidas, inclusive fisicamente falando. Uma diferença importante é que o subtexto sobre neonazismo, presente no livro e no filme sueco (até como forma de denúncia para o que ocorre na Europa neste século XXI), foi amenizado em favor de uma abordagem mais forte e concentrada no subtema da violência contra a mulher. Há uma forte seqüência de estupro que foi devidamente mantida, embora tenha sido filmada de maneira mais crua no original sueco.
Nos quesitos técnicos, o grau de excelência estabelecido por Fincher não chega a ser surpresa ou novidade. A fotografia de Jeff Cronenweth valoriza o branco e o cinza do inverno sueco, mas evita os tradicionais panoramas da paisagem gelada. O filme investe forte nos interiores e em uma iluminação quase noir que lembra “Seven” (1995), algo que faz sentido, já que essa é a terceira investida de Fincher no subgênero do filme policial que flagra personagens tentando descobrir a identidade de um assassino. A música de Trent Reznor e Atticus Ross é atmosférica e sombria , como deve ser. O trabalho resulta num longa-metragem bem feito e adulto, em que o maior pecado é a semelhança um pouco grande demais com o filme realizado tão pouco tempo antes, a partir do mesmo material. Ou seja, se for um felizardo como eu fui, assistindo esta versão primeiro, a história me surpreendeu em tudo, e achei o filme magnífico.







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