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domingo, 21 de dezembro de 2014

CLÁSSICOS DE VAL LEWTON






Desde que comecei a estudar sobre cinema, Val Lewton foi um nome que me intrigou. Produziu poucos filmes, e  eu não tinha acesso a nenhum no final da década de 80, início de 90. Foi um limbo para produções assim.
Vou enumerar as produções que me marcaram ,mais detalhadamente 

SANGUE DA PANTERA (1942)

1942  / EUA / P&B / 73 min / Direção: Jacques Tourneur / Roteiro: DeWitt Bodeen / Produção: Val Lewton / Elenco: Simone Simon, Tom Conway, Kent Smith, Jane Randolph 

Sangue de Pantera, o clássico do diretor Jacques Tourneur, é um filme que gira em torno de sexualidade e repressão feminina transbordando da figura interpretada pela bela e exótica atriz Simone Simon, a tal mulher pantera do título em português.

Para contextualizar historicamente o filme, o mercado hollywoodiano de filmes de terror era amplamente dominado pela Universal e seus monstros Drácula, Frankenstein, A Múmia, O Lobisomem, etc. Com grandes orçamentos e sucessos de bilheteria, restava aos outros estúdios fazerem os filmes B. E daí que entra na jogada a RKO Radio Pictures, responsável outrora por grandes produções, entre elas Cidadão Kane, de Orson Wells, mas que estava em péssimas condições financeiras e precisava fazer dinheiro rápido com custos baixíssimos de produção, algo que gastasse no máximo 150 mil dólares, imagine. O produtor Val Lewton foi o escalado para cuidar do departamento de filmes de terror da RKO, e o primeiro deles, foi Sangue de Pantera.

E o filme virou um sucesso de público e crítica, começando o movimento de tirar o estúdio do buraco e financiar outras produções de terror. Na história, Irena Dubrovna é uma imigrante sérvia que trabalha com design de moda e se envolve com o engenheiro naval americano Oliver Reed. Conquistado pela beleza peculiar e pelo jeito introspectivo da garota (que confidencia a ele que não tem amigos americanos, ao convidá-lo para uma xícara de chá em seu apartamento) logo eles se apaixonam e consumam o matrimônio.

Porém, Irena acredita descender de uma linhagem mítica de mulheres panteras, que se transformam na criatura ao se relacionarem sexualmente ou sentirem-se ameaçadas. Segundo a lenda, as mulheres panteras são descendentes de bruxas executadas pelo Rei João da Sérvia (o qual Irena tem uma estátua em sua sala) durante a Idade Média, e suspeita-se que seu pai foi assassinado por sua mãe, logo após o ato sexual. O casamento dos dois vai bem mal das pernas, já que há muita frustração sexual entre o casal, e se complica ainda mais quando dois elementos entram na história: Alice, companheira de trabalho de Reed, que o vê cada vez mais infeliz na relação e o ama secretamente e o Dr. Louis Judd, psiquiatra que Reed contrata para tratar de Irena, mas que também acaba envolvido pela sedução intrigante da estrangeira.

Dado certo momento, a tensão crescente entre esse quarteto e o ciúme que Irena começa a sentir, vai saindo do seu controle e toda a sua repressão começa a despertar a “felina” dentro dela. Duas cenas são particularmente memoráveis: Nas duas, a rival Alice é perseguida e ameaçada por Irena, inclusive a clássica cena da piscina, porém tudo de uma forma subentendida, apenas através de vultos e rugidos do animal. E começa aí uma nova escola de filmes de terror, de não escancarar o monstro no plano principal e deixá-lo no imaginário do espectador, técnica essa emprestada dos filmes de suspense e noir. Tourner quase abandonou o barco antes de terminar as filmagens, devido a uma pressão da RKO para que uma pantera de verdade aparecesse em duas cenas no lugar da atriz. Mas no final, mantém-se o apelo do inconsciente e a aparição do animal em cena, mesmo com o baixo orçamento do filme e a falta de recursos animatrônicos na época, acaba não atrapalhando, graças à forma como as cenas são conduzidas pelo diretor.

Quarenta anos depois, em 1982, Paul Schrader dirigiu uma nova versão misógina e sexualizada, estrelado por Nastassja Kinski e Malcom McDowell, que aqui no Brasil recebeu o nome de A Marca da Pantera, que assisti muito antes de ver o original no Supercine ou Sesão de gala.

O HOMEM LEOPARDO (1943)

1943 / EUA / P&B / 66 min / Direção: Jacques Tourneur / Roteiro: Ardel Wray (baseado na obra de Cornell Woolrich) / Produção: Val Lewton / Elenco: Dennis O’Keefe, Margo, Jean Brooks, Isabel Jewell, James Bell

Com o surpreendente sucesso de Sangue de Pantera, o produtor Val Lewton responsável pelo recém criado departamento de filmes de terror da RKO Radio Pictures novamente se une ao diretor Jacques Tourneur para levar uma segunda  produção do estúdio envolvendo felinos para as telas: O Homem Leopardo.

E novamente, o grande mérito do diretor é exatamente não entregar o que o título do filme literalmente promete, assim como fizera com Sangue de Pantera, não caindo na armadilha de construir um filme B, como os que eram produzidos no Poverty Row de Hollywood, e sim investir em um incomum e classudo terror psicológico.

É impressionante o frescor e a sutileza que os filmes produzidos por Lewton em sua breve estada como produtor de terror da RKO trouxeram para o gênero. E foi esse o grande diferencial: além das histórias intrincadas, uma nova maneira de criar suspense, que transformou os filmes de Lewton, principalmente aqueles dirigidos por Jacques Tourneur e depois por Robert Wise, em verdadeiras gemas dentro do cinema de horror.

Aqui não se faz diferente. Em O Homem Leopardo, Kiki Walker, atriz de um clube noturno, resolve entrar no palco com um leopardo negro, parte de uma jogada publicitária idealizada por Jerry Manning, para impressionar todos os ali presentes. Assustado por sua rival de palco, Clo-Clo, o leopardo escapa da coleira e foge para o centro da cidade, espalhando o pânico e a histeria pelo Novo México.

Enquanto a polícia, Manning e o dono do felino, o domador exibicionista Charlie How-Come procuram pelo animal solto, acuado e assustado pela perseguição, ele faz sua primeira vítima, a garota Teresa Delgado, obrigada pela mãe mesquinha a ir na venda tarde da noite para comprar farinha. A cena da morte (off screen) é realmente impactante, completamente diferente do que estávamos acostumados a ver no cinema americano nessas duas décadas. A garota vê o leopardo à espreita, e começa a fugir desesperada até sua casa, sem nunca vermos o animal de fato perseguindo-a. Ao chegar, apenas podemos ouvir seu desespero gritando para que a mãe abra a porta, que simplesmente a ignora, achando que é algum tipo de malcriação, quando ouvimos o grito de horror da menina sendo atacada. Quando sua mãe e seu irmão mais novo tentam abrir a porta, vemos, assim como os dois, somente uma poça de sangue se formando por debaixo do batente. Incrível.

Na verdade durante todo o filme o diretor brinca com nossos sentidos, não sendo explícito em nenhuma cena e deixando nosso subconsciente trabalhar. A mesma coisa quando outra vítima, Consuelo Contreras é atacada no cemitério, ou quando Clo-Clo é assassinada em uma escura rua deserta. Apenas algumas mensagens como o farfalhar de um galho de árvores, ou o close de pavor da vítima nos é mostrado. É o suficiente para fazer gelar a espinha.

Porém apesar das pistas óbvias, como marcas de garras e pelos negros encontrados no local dos crimes, Manning, Kiki, Charlie e o Dr. Gallbraith, um erudito curador do museu local e especialista em felinos, desconfiam que não é o animal que está matando as pessoas, e sim um psicopata desequilibrado, já que a primeira garota apenas foi morta por conta do leopardo estar assustado e sendo perseguido. Não fazia sentido o animal não fugir para o campo e sair matando pessoas deliberadamente, sem se alimentar delas. Daí vamos acompanhar a investigação particular de Manning e Kiki, desacreditados pelo chefe de polícia, e descobrir então através de uma reviravolta final na trama, quem realmente é responsável pela matança e quais suas verdadeiras motivações.

O Homem Leopardo é um excelente filme porque foge do óbvio. Foge de monstros, vampiros, cientistas malucos e cadáveres mumificados que invadiam as telas de cinema na década de 40. Isso sem contar a direção primorosa de Tourneur, com todos os pequenos detalhes que joga em cena, ângulos inusitados para filmes de terror vistos até então, excelente uso dos efeitos sonoros, como o constante bater de castanholas de Clo-Clo, e toda sua sutileza para contar uma história sem transformá-la em um verdadeiro pastiche, investindo muito mais no psicológico do que em efeitos especiais.

A MORTA VIVA (1943)

1943 / P&B / EUA / Direção: Jacques Tourner / Roteiro: Curt Siodmak, Ardel Wray / Produção: Val Lewton / Elenco: Frances Dee, Tom Conway, James Ellison, Darby Jones


A Morta-Viva é mais um filme de terror poético da safra produzida por Val Lewton para a RKO Radio Pictures (assim como Sangue de Pantera e O Homem Leopardo, ambos também dirigidos por Jacques Tourneur). O produtor já com carta branca após ter emplacado dois sucessos, mais uma vez chamou Tourner e os roteiristas Curtis Siodmak (o mesmo de O Lobisomem e outros filmes de monstro da Universal) e Ardel Wray (que assina o roteiro de O Homem Leopardo, lançado na sequência) para a realização de um filme de zumbis.

Tourneur volta às raízes haitianas do zumbi e em um filme lírico e perturbador, eleva o “monstro” a um status de seriedade nunca antes visto, explorando todo o potencial simbólico e religioso do morto-vivo nas telas. O enredo originalmente foi inspirado por um artigo escrito por Inez Wallace no jornal American Weekly com o título “I Walked With a Zombie” (nome original do filme), que na verdade era um pastiche que copiava descaradamente as experiências relatadas por William B. Seabrook em A Ilha da Magia. Após inúmeras mexidas no roteiro, todo o conceito foi praticamente descartado, mantendo apenas o mercadológico título, e acabou se transformando numa versão vodu de Jane Eyre de Charlotte Brontë, mesmo que não creditado.

A Morta-Viva começa com um plano aberto e Betsy Connell, enfermeira contratada por Paul Holland (fazendeiro dono de uma mina de açúcar nas Índias Ocidentais), para cuidar de sua catatônica esposa, em uma praia andando ao lado de uma figura não identificada, e narrando em off: “Eu caminhei com um zumbi…”. Na ilha, Betsy começa a entender a rotina disfuncional que envolve a família Holland, desde o amargo e desiludido Paul, passando por seu meio-irmão alcoólatra Wesley Rand e a dominadora matriarca  Sra. Rand, e a ter pistas do motivo da catatonia de Jessica, esposa de Paul. Enquanto o médico da família aposta na teoria de uma rara febre tropical, os nativos insistem na ideia de vodu e que ela foi transformada em um zumbi.

Não demora muito para que as peças comecem a se ligar, e Betsy descobre que Jessica e Wesley estavam tendo um caso, sendo que a mesma adoeceu pouco antes de um plano secreto de ambos fugirem juntos. Nesse ínterim, Betsy se apaixona por Paul e mesmo com todo amor aflorado, resolve fazer de tudo para tentar reanimar Jessica, até mesmo através de medidas extremas, como levá-la a uma igreja vodu no meio do canavial, onde se depara com a assustadora figura de Carrefour, o zumbi local de olhos arregalados e expressão sinistra, além de outras revelações envolvendo os próprios Holland/Rand.

O filme todo é permeado em um questionamento interminável, de que se realmente o que acontece possui alguma causa ou explicação científica ou mesmo se os acontecimentos cruciais do final do filme são frutos de feitiçaria. Ninguém consegue estabelecer um padrão patológico, mental ou espiritual para a condição de Jessica, e o filme termina mesmo sem deixar essa reposta. Assim como a cena inicial que não tem uma continuidade, e tampouco fica claro quando, como e porquê, Betsy caminhou com o zumbi, já que fica apenas subentendido e a cena não se repete até o fim da película.

Um filme artístico de zumbi é apenas um resumo dessa obra complexa e misteriosa, que nunca mais seria repetido, principalmente após o morto-vivo virar sinônimo de gore no cinema de terror atual.

A SÉTIMA VÍTIMA (1943)

1943 / EUA / P&B / 71 min / Direção: Mark Robson / Roteiro: Charles O’Neal, DeWitt Bodeen / Produção: Val Lewton / Elenco: Tom Conway, Jean Brooks, Isabel Jewell, Kim Hunter, Evelyn Brent, Hugh Beaumont 

Como já venho dito por aqui, a safra de filmes de terror da RKO Radio Pictures produzidas por Val Lewton de 1942 a 1946, foi um verdadeiro divisor de águas no gênero, indo em contramão de tudo que a Universal vinha fazendo até então, explorando suas franquias de monstros até não poder mais. A Sétima Vítima, primeiro filme do até então montador Mark Robson é mais um tiro certeiro do estúdio.

Mais uma vez é utilizada a fórmula que consagrou as produções de terror do estúdio, estipuladas por Lewton: “uma história de amor, três cenas de horror apenas sugeridos e uma de violência explícita. Tudo terminado em 70 minutos”.  Com enfoque muito maior em uma história de suspense, com conteúdo adulto e expressão do medo sugerido ao invés do explícito, A Sétima Vítima lida com um tema pouquíssimo explorado até então no cinema, porém controverso até os dias de hoje: uma seita satânica.

Em uma trama mórbida e pessimista, Mary Brooks (interpretada por Kim Hunter), uma doce e singela garota órfã é obrigada a se mudar para Nova York em busca de sua irmã Jacqueline, desaparecida sem deixar nenhuma pista. Então em um clima crescente de suspense que prende a atenção do espectador, contado por uma intricada teia de acontecimentos, Mary acaba se aproximando do Dr. Gregory Ward (Hugh Beaumont), que na verdade é marido de Jacqueline, que também não obteve sucesso em descobrir o paradeiro da garota.

Auxiliada pelo psicanalista Dr. Louis Judd (Tom Conway) e pelo poeta decadente Jason Hoag, Mary descobre que sua irmã vem sendo protegida pelo médico de uma terrível seita diabólica conhecida como Paladistas, culto a qual ela era adepta até então, mas está sendo perseguida exatamente por revelar alguns detalhes do grupo secreto, e segundo um dos principais mandamentos da seita, qualquer pessoa que revele algum segredo interno é considerada uma traidora, e aos traidores é reservada a morte. E no caso, essa é a sétima vez que isso acontece, sendo que  em todas as outras seis, o responsável foi assassinado. Por isso o título do filme.

O grande problema é que Jacqueline encontra-se perdida e sem saber o que fazer, e depois que é descoberto seu paradeiro, continua fragilizada e assustada, tendo que lutar por sua vida contra a conspiração. Como se não bastasse, Mary e Ward acabam se apaixonando. Ou seja, A Sétima Vítima é recheado de personagens solitários, dúbios e calculistas que lutam contra sentimentos distintos em uma trama que mistura razão e medo. O final é completamente fora dos padrões do que vínhamos vistos até então : por fim Jacqueline acaba se suicidando em um ato desesperado, abrindo caminho para que a irmã e o ex-marido acabem juntos.

Apesar de o roteiro ser meio corrido e apresentar alguma fragilidade, deixando passar alguns detalhes que poderiam ser muito mais perturbadores e bem aproveitados se o filme não fosse resultado de um orçamento limitado e metragem tão curta, algumas cenas são bastante memoráveis, prova de que Robson seguiu a cartilha que Jacques Torneur havia criado nos filmes anteriores para a RKO, como Sangue de Pantera, A Morta-Viva e O Homem Leopardo, utilizando muito bem o jogo de luz e sombras e mensagens subentendidas, abusando dos nervos do espectador ao limite e nunca deixando nada escancarado.

Duas sequências chamam muito a atenção em A Sétima Vítima: A primeira é uma cena em que Mary está no chuveiro e é visitada pela lésbica Sra. Redi, ex-sócia de Jacqueline em uma indústria de cosméticos, também participante da seita. Mary está a mercê da vilã, protegida apenas por uma cortina de plástico, onde vemos a heroína de costas e a sombra de Redi ao fundo, lembrando muito, mas muito mesmo, a clássica cena do chuveiro de Psicose (lançado quase vinte anos depois). Outra é quando nos é apresentada a ordem dos Palladi, um grupo de homens e mulheres da alta sociedade que praticam adoração ao diabo (porém sem nenhuma referencia concreta a sacrifícios ou bruxarias, mais uma vez mantendo-se as ideias no campo da especulação), que também lembra muito outros cultos conspiratórios de filmes como O Bebê de Rosemary e As Bodas de Satã da Hammer.

A Sétima Vítima é mais um excelente exemplar do que Val Lewton conseguiu fazer com o cinema de horror, que além de imprimir uma nova forma de assustar e de contar histórias com um potencial psicológico muito maior para uma plateia mais refinada, percebe-se claramente toda a influência que seus filmes deixaram para a posterioridade, além de sempre manter um pé em temas modernos e atemporais, como: uma seita satânica aristocrática e suicídio aqui; repressão feminina e sexualidade em Sangue de Pantera; cárcere, obsessão e cerceamento das vontades em A Morta Viva; e um assassino com desequilíbrios mentais vítima de um acontecimento chocante em O Homem Leopardo. Temas esses que não cairiam no problema de se tornarem datados e ingênuos com o passar dos anos, como grande parte dos filmes da época.




MALDIÇÃO DO SANGUE DA PANTERA (1944)

Direção: Gunther von Fritsch, Robert Wise - Roteiro: DeWitt Bodeen (roteiro) - Gênero: Drama/Fantasia/Terror - Origem: Estados Unidos - Duração: 70 minutos

Amy Reed é uma garotinha de 6 anos que tem uma imaginação muito fértil, o que acaba deixando-a incapacitada de diferenciar a fantasia da realidade. Mas a gota d'água surge quando a pequena garota passa a exibir tendências psicopatas idênticas à de sua falecida mãe, deixando seu pai, Oliver, preocupado.
Simone consegue ser ao mesmo tempo tocante e angelical no papel do espírito daquela que antes tinha sido uma mulher pantera.
Jane Randolph continua surpreendendo como Alice , agora como uma mãe de família ,ela continua sendo uma mulher forte e independente como no primeiro filme , me espantou o fato de que o filme não quisesse ter ''amansado'' sua imagem depois do casamentos.

O elenco de apoio é muito bom também, e há  a conexão com a primeira história (como o fato de Elizabeth Russell aparecer novamente como a mulher gato do restaurante e o quadro do apartamento de Irena estar na casa nova).
Um filme bom,subestimado podemos dizer , não é um suspense e sim um melodrama familiar e fantasioso sobre a mente de uma criança dos anos 40 que se distanciava dos ideais da chamada ''infância feliz'' , a conexão existente entre Amy e a velha atriz Julia Farren também é encantadora e o desprezo da velha dama do teatro por sua filha (que por razões desconhecidas a renega (talvez por ela ser uma mulher pantera?) é de cortar o coração e a cena do presente de natal foi angustiante e me arrancou lágrimas.
Um filme bom , não necessariamente por ser uma continuação do primeiro , mas sim pelos seus próprios méritos.

TÚMULO VAZIO (1945)

1945 / EUA / P&B / 77 min / Direção: Robert Wise / Roteiro: Phillip MacDonald, Carlos Keith (baseado na obra de Robert Louis Stevenson) / Produção: Val Lewton, Jack J. Gross (Produtor Executivo) / Elenco: Boris Karloff, Henry Daniell, Russell Wade, Edith Atwater, Bela Lugosi

 O Túmulo Vazio, na minha opinião, é a melhor atuação de Boris Karloff no cinema. Adaptado do conto de Robert Louis Stevenson, “O Ladrão de Corpos”, o filme produzido pela RKO de Val Lewton, responsável por alguns dos melhores filmes de terror da década de 40, como Sangue de Pantera, A Sétima Vítima e A Morta-Viva, tem na direção o diretor Robert Wise, o mesmo de filmes como Desafio do Além, O Dia que a Terra Parou e A Noviça Rebelde (??!!).

Karloff está simplesmente fantástico. Seu personagem, o soturno cocheiro John Gray, que faz as vezes do ladrão de corpos do título, é um sujeitinho vil, manipulador que não tem o menor escrúpulo e usa de seu trabalho sujo para sempre conseguir coisas de seu interesse escuso. Seus diálogos, suas feições e expressões corporais, só comprovam o baita ator que ele foi.

A direção de Robert Wise é segura, explorando muito bem a fotografia escura e a penumbra das ruas de Edimburgo do século XIX, sabendo extrair o melhor de cada um dos personagens mesmo com as limitações de orçamento, caso recorrente nos filmes da RKO. Até Bela Lugosi faz um ponta nesse filme, que foi o último em que os dois atores trabalharam juntos. Luogsi já começa a demonstrar sua decadência e mais uma vez é obrigado a confrontar o personagem de Karloff, dessa vez tentando chantageá-lo. E mais uma vez, coitado, é engolido por Karloff.

Na trama, um respeitado médico e professor de medicina, o Dr. Toddy MacFarlane (não, não é o criador do Spawn), mantém um negócio bizarro com Gray, já que o cocheiro é responsável por exumar os corpos do cemitério para que o médico pudesse estudá-los a fim de lecionar. E sabemos que na prática, nos primórdios da medicina moderna, o estudo em cadáveres era uma pratica extremamente recorrente.

O Dr. MacFarlane faz do jovem aspirante a médico, Donald Fettes, seu novo assistente, e logo o aprendiz se vê arrastado para esse mundo macabro, quando torna-se conivente ao receber os cadáveres e fazer o pagamento, e até recorre a Gray para conseguir um espécime para que o Dr. MacFarlane possa estudar as vértebras humanas no intuito de tentar operar uma garotinha paralítica com o qual cria um certo vínculo.

O que se descobre no decorrer do filme é que Gray e MacFarlane já tiveram suas desavenças no passado, e o doutor lhe deve muito, pois o cocheiro deu um falso testemunho no julgamento, livrando sua cara quando estourou um escândalo de assassinato e roubos de corpos para a prática médica alguns anos atrás. E esse escândalo é na verdade uma história real na qual Robert Louis Stevenson se inspirou para escrever seu conto, onde a dupla de criminosos William Burke e William Hare, assassinavam suas vítimas para vender os cadáveres para os estudos científicos do Dr. Robert Knox, um proeminente cirurgião que dava aulas na Universidade de Edimburgo. Em O Túmulo Vazio, misturando ficção com realidade, MacFarlane era o antigo assistente do Dr. Knox antes da sua carreira ir para o buraco.

Claro que há um embate maniqueísta entre os personagens onde Gray é retratado como a personificação do mal, de uma figura sem escrúpulos e sem respeito à vida e a morte, movido apenas por dinheiro, mas que faz o que faz sob encomenda em nome da ciência. E a figura de Fettes acaba como o mediador dessa relação de dependência entre Gray / MacFarlane, apesar de tornar-se cúmplice em determinado momento, mesmo que cercado das boas intenções. Fora que o assassinato parece ser o meio recorrente com que todos resolvem seus problemas por lá, de uma forma ou de outra.

E no final, quando há uma chance de redenção para MacFarlane, não é bem o que acontece, e então somos brindados com uma das mais assustadoras e marcantes cenas do cinema de terror nos minutos finais do filme , pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco) quando MacFarlane, em sua carruagem numa noite de tempestade com mais um corpo roubado do cemitério, é assombrado pelo fantasma de Gary, que já havia o alertado que o pobre doutor nunca conseguiria se livrar dele. E então após sofrer um acidente que lhe tira a vida, vemos que Gary nunca esteve naquela carruagem e foi apenas a consciência pesada do doutor que lhe pregou uma peça sinistra.

Dilemas morais, chantagem, extorsão, roubo de cadáveres, um personagem pra lá de sombrio com uma atuação soberba de Karloff, direção precisa de Wise, pontinha de Lugosi e ainda uma final assustador. O Túmulo Vazio é um clássico que merece ser visto!

















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