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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

ROBOCOP NO CINEMA (1987 - 1990 -1993 - 1994 - 2000 - 2014)






ROBOCOP (1987)

FICHA TÉCNICA

Gênero: Ação
Direção: Paul Verhoeven
Roteiro: Edward Neumeier, Michael Miner
Elenco: Kurtwood Smith, Miguel Ferrer, Nancy Allen, Peter Weller, Ronny Cox
Produção: Arne Schmidt
Fotografia: Jost Vacano, Sol Negrin
Duração: 103 min.
Ano: 1987
País: Estados Unidos

SINOPSE

No futuro, vítimas de uma gangue que controla o tráfico de cocaína na cidade, dezenas de policiais são assassinados em Detroit. A polícia, agora sob controle privado, projeta um andróide para substituir os policiais humanos e vencer os bandidos. Após uma experiência fracassada, entra em ação, o projeto o jovem Morton, um ciborgue que reúne qualidades da tecnologia e do ser humano.
Ícone da cultura pop recente, estrelando franquias, desenhos animados, seriados, videogames e histórias em quadrinhos, Robocop fez o cineasta holandês Paul Verhoeven cair na graças do público americano.  Há pouco tempo chegado nos Estados Unidos, seu segundo filme por lá dialogou com o público jovem de forma indelével, traduzindo para uma nova linguagem a intensidade e brutalidade de filmes que ainda fez em seu país, como Sem Controle (Spetters, 1980) e O Quarto Homem (De Vierde Man, 1983): Paul se descobriria como um diretor especializado na abordagem do capitalismo selvagem, do abuso tecnológico, da desintegração da identidade e da sexualidade como arma.


ANÁLISE

A América que Verhoeven enxerga em Robocop é um lugar ensandecido, uma Detroit futurista consumida pelo crime e à beira do colapso econômico onde certo dia um humilde policial, Alex Murphy, é executado à sangue-frio por bandidos. É o momento em que o estado e as empresas juntam forças para tornar um mártir em um vingador: definido pelo próprio Verhoeven como o “Jesus americano”, Robocop é um homem que renasce para matar, sob as ordens de um estado às raias de um fascismo disfarçado de “terra das oportunidades”.

A câmera de Verhoeven é impiedosa tal qual o protagonista que enfoca dessa vez: apesar de perfeitamente compreensível, é surpreendente o sucesso de um filme que não desvia o olhar e apresenta um grafismo por vezes perturbador: fora cenas como cabeças explodindo por efeito de balaços em close, derretimento em câmera lenta e um capricho na quantidade de sangue, a forma como filmou a cena da execução é praticamente insuportável: uma longa exposição à violência trabalhada em tom cada vez maior, uma cena tão brutal quanto revoltante. 

Igualmente revoltante será, também, a participação do Estado e do mercado, reconstruindo-o como o policial cibernético, resistente e fatal. As mesmas câmeras subjetivas estilizadas que nos dão os olhos cibernéticos ao novo mundo, trazem lembranças humanas a um Murphy enterrado sob a carcaça de metal, que lentamente batalhará seu caminho de volta à humanidade com ajuda de uma policial. 

Robocop foi construído para ser o “homem perfeito”: um autômato da vontade do governo e das empresas, uma força truculenta que brande seu instrumento fálico em competições de virilidade pela noite. Essa identidade masculinizada codificada pelos padrões “macho” entra em conflito com o Murphy homem de família, carinhoso, sensível e trabalhador, quimicamente morto por uma sociedade que não aceita mais os indivíduos de carne e mente, mas sim representações de demandas.

No fim das contas, o policial futurista de Verhoeven entrará em guerra contra o mundo, o establishment que jamais quis; esse capitalismo injusto, sem oportunidades, é representado por Verhoeven como um tecnológico filme de crime onde os inimigos não são apenas os marginais, as párias, que logo passam a ocupar papel secundário, quando Murphy terá de enfrentar as altas cabeças, empresários corruptos e inescrupulosos que agora querem criar a melhor máquina de combate ao crime. 

Verhoeven fotografa de forma escura, com os efeitos visuais, direção de arte e figurino descrevendo uma atmosfera suja e visceral. As luzes fortes, duras e pouco difusas, marcadamente cafonas, criam uma atmosfera sempre ameaçadora, que jamais dá um descanso visual – completado com ajuda do desenho sonoro, que cria um mundo estéril, sem vida, onde destruir é mais importante que reproduzir – a pura lógica falocêntrica masculinizada. O capitalismo para Paul Verhoeven é a representação perfeita de um mundo a alguns momentos de chocar-se consigo mesmo. 

Não há uma missão específica dada pelo roteiro para salvar o dia ou o país, mas a busca pela justiça individual, de um homem só, em busca de resgatar a própria humanidade dentro de um sistema que lentamente mina os valores de seus filhos menos afortunados. Robocop é para Verhoeven, uma vingança das párias: uma tour-de-force em que o “exército de um homem só” enfrentará o acúmulo de capital e de armamento bélico em busca da salvação pessoal. 

O violento Jesus americano de Verhoeven, criatura disfuncional tanto antes quanto depois de sua ressurreição, é o protagonista de uma fábula fria, violenta, onde os interesses escusos não poupam ninguém e nenhum valor individual é conquistado facilmente. Essa era a América do diretor: uma luta de cada um por si e Deus contra todos. O que é conseguido na gana só reforça o clima de “salve-se quem puder”, ainda atual vinte e cinco anos depois. Atrás de um frenético filme, esconde-se uma fabulação individualista e antimoralizante, impactante como poucas vezes 
se viu no cinema comercial.

ENTÃO...

Mais que isso, RoboCop marca o início da fase norte-americana de um dos diretores mais subestimados de todos os tempos: Paul Verhoeven. A maior parte das pessoas parece não compreender que por baixo de toda aquela pancadaria que soa ser a marca registrada de filmes como O Homem Sem Sombra (Hollow Men, 2000) e O Vingador do Futuro (Total Recall, 1990), ou por baixo do sexo de Instinto Selvagem (Basic Instinct, 1993) e de  Showgirls (idem, 1995), ali está um cineasta que tem algo para dizer, mas não sabe como dizer de uma forma direta, objetiva ou “ponderada” — resta-o dizer de uma forma expressiva, alegórica e imagética (e eis aí a diferença entre cineastas como Verhoeven e Ken Russell — que era fã de RoboCop e que Deus o tenha —, e os classicistas).

Considere a morte de Murphy, o futuro RoboCop (Paul Peter Weller). Mais de cinco pessoas atirando com armas calibre .12, à queima-roupa, culminando num fatal tiro em sua cabeça, e lá se foi o crânio do jovem e recém transferido policial. Momentos antes, nós testemunhamos a mão e em seguida o braço de Murphy serem brutalmente estourados. Tudo isso é visto através da direção corajosa de Verhoven, que não permite nem por um segundo que a sua câmera se afaste ou desvie o olhar.

Verhoeven não desvia olhar não por que gosta da violência; ele exige que nós olhemos para aquela selvageria que rasga qualquer vestígio de civilidade do universo futurista onde RoboCop se passa porque sabe que a morte da versão 1.0 de Murphy precisa ser impactante e chocante. Verhoeven leva o espectador a se perguntar por que vale a pena gastar tempo e dinheiro defendendo uma sociedade tão selvagem, tão grotesca; por que existe uma força policial que diz servir e proteger algo tão inumano quanto aquilo?

Cada ambiente visitado pelo filme traz um total sentimento de desilusão e desapego aos seus serviços: Atente, por exemplo, ao total aborrecimento da equipe médica que tenta salvar o que resta do cotoco humano de Murphy. É patente que ele não pode sobreviver àquilo, mas observe que a equipe médica não fica nem um pouco chocada com o estado decrépito e aterrador de seu corpo. A violência na Detroit retratada pelo filme é algo tão natural em seu dia-a-dia como andar ou comer.


Entretanto, é claro que RoboCop não funciona apenas por seu retrato cruel da violência por conta da suas imagens, mas também por causa dos seus diálogos precisos e bem colocados. Toda temática do roteiro escrito por Edward Neumeier e Michael Miner se concentra muito mais nos arredores e na dinâmica entre os personagens do que no encaminhamento de sequências de ação (talvez a exceção seja quando RoboCop joga Clarance pelas

vidraças de um laboratório de cocaína, mas até naquele momento há significado). A temática de RoboCop lida com motivos que, infelizmente, 25 anos depois do lançamento do filme, permanecem no nosso dia-a-dia: As principais manchetes do noticiário que serve como interlúdio entre os atos do filme são de violência e de coisas que deram terrivelmente erradas (como o laser que mata famílias

inteiras Santa Barbara, incluindo dois ex-presidentes “que aproveitavam a aposentadoria”); a terceirização do trabalho (a força policial de Detroit é entregue a uma companhia privada que não entende absolutamente nada sobre gente como a gente) e até mesmo o combate ao terrorismo, e a total falta de noção da autoridades em lidar com isso. Observe, durante a eficaz (ainda que pragmática e formulaica) montagem que apresenta os primeiros trabalhos do RoboCop, o discurso totalmente despreparado do capitão da polícia: Ele diz que “terrorismo é um negócio muito arriscado. Retaliação massiva e imediata são as melhores armas”. Agora pare e rime isso com a política belicista que os Estados Unidos levaram durante os últimos dez anos no Oriente Médio, imediatamente após os Atentados de 11 de Setembro. O que é ignorado aqui é que RoboCop traça uma visão pessimista e lamuriosa dos EUA naquele instante da História, e parece que nada mudou de lá para cá: O câncer que o Velhote (Dan O’Herlihy) diz que Detroit tem (uma metáfora ao crime) é o câncer que os Estados Unidos tinham — e tem, obviamente — naquela altura da década de 80. E quem criou o câncer? Ora, os próprios Estados Unidos e sua política de governo criminosa! Quem formentou a onda de desemprego retratada por Michael More em Roger e Eu (Roger & Me, 1989)? O Governo estadunidense! Ora, a Detroit Sul dominada pela violência e a fome é o retrato escarrado dos próprios Estados Unidos.

E aí surge a figura messiânica e redentora do RoboCop, a própria figuração do morto-vivo , da última chance de sobrevivência, do Juízo Final. RoboCop, teoricamente, deveria ser uma figura de serviço e proteção — mas antes de ser uma máquina, ele era um homem de família, um Americano Tranquilo. Como um homem pode agir como máquina de maneira totalmente inconsequente? A resposta dada por Verhoeven e seus roteiristas: Ele não pode. E do mesmo jeito que você não pode ensinar um porco a recitar Shakespeare, você não pode eliminar a violência com mais violência. Detroit Sul teve seu crime eliminado? Não. A OPC construiu sua Arca de Noé (porque o projeto mostrado pelo Velhote no início do filme é uma Arca de Noé, já que ela vem para eliminar os maus da região, assim como Deus afogou a Humanidade inteira para eliminar todos os maus e os males, o que torna o próprio Velhote uma personificação do Divino)? O filme não diz, mas fica claro que não.

Auxiliado por uma paleta de cores que aposta no branco para salientar o aspecto futurístico da trama, além de contrastar com o próprio vermelho do sangue derramado aos galões durante o filme, RoboCop permanece agora, assim como no princípio, um retrato gritante e horroroso de uma sociedade podre. O RoboCop nada mais é do que uma versão metalizada de Travis Bickle. Mas se em Taxi Driver (idem, 1976) Bickle era um cidadão que, vítima de suas neuroses, queria limpar a Terra do mal por vontade própria, Murphy/RoboCop é uma figura ainda mais trágica (e, por que não, shakespeariana): Foi trazido de volta da Mansão dos Mortos para “servir e proteger” de qualquer forma necessária, e isso não é humano e nem correto. RoboCop é um carneiro morto sob as vestes de um lobo de Kevlar
Ví o filmes recentemente, e comparando com o novo, pode-se dizer que tecnologicamente o filme envelheceu muito. Mas a mensagem continua atual. E Paul continua sem reconhecimento...

ROBOCOP 2 (1990)

FICHA TÉCNICA
Gênero: Ação
Direção: Irvin Kershner
Roteiro: Frank Miller, Walon Green
Elenco: Gabriel Damon, Galyn Görg, Nancy Allen. Tom Noonan, Peter Weller
Produção: Jon Davison
Fotografia: Mark Irwin
Trilha Sonora: Leonard Rosenman
Duração: 117 min.
Ano: 1990

SINOPSE
Nesta continuação novamente protagonizada por Peter Welles como o policial-andróide, a missão é, além de lugar contra o tráfico de drogas, garantir sua sobrevivência contra um novo robô criado pela organização OCP.

ANÁLISE
Vocês gostaram do Predador 2? Pois também ninguém gostou de Robocop 2. E à semelhança do primeiro esta é uma das sequelas mais sobrevalorizadas da história do cinema. Robocop 2 é um digno e excelente sucessor do primeiro. Aliás, mais que o primeiro é invulgarmente hilariante e irônico, quando pretende sê-lo. Eu atrevo-me a dizer que em vários aspectos supera o primeiro, mas temo que já seja demasiado sacrilégio o facto de apenas o mencionar.
Pois bem, desta vez a cargo do conceituadíssimo realizador Irvin Kershner , que sabem vocês, ter realizado aquele que é considerado o melhor filme da saga Star Wars The Empire Strikes Back ) e escrito parcialmente por Frank Miller (o original era impossível ser filmado) , a história desenvolve para mais ação e ao mesmo tempo mantém a mesma crítica mega consumista aos EUA.  Tendo em conta que toda esta hipérbole da sociedade americana é levada ao extremo, acaba por seguir de muito perto o que é feito no primeiro filme. Aliás a primeira cena do filme é um anuncio de um carro que electrocuta o assaltante que senta no carro após o sucesso de abertura das portas, apresentado nada mais nada menos que por John Glover (Lionel Luthor em Smallville ).

 Com quase todo o elenco do primeiro filme, pelo menos aquele que não morreu, a história desenvolve em torno de uma nova droga: Nuke . Esta droga, demasiado letal e viciante acaba por levar Robocop numa série de pistas atrás do criador e distribuidor da mesma, um traficante chamado Cain . A determinada altura Cain , consegue apanhar Robocop desprevenido e desmonta-o em peças. A OCP (detentora do Robocop ) com vista ao desenvolvimento de outra super-máquina (cujos testes até têm uma homenagem ao Grito de Munch ), acaba por montar Robocop , mas com novas diretrizes. Estas diretrizes, visam torna-lo um personagem bastante mais acessível. Que procure o diálogo ao disparar uma arma, que procure ensinar a prender. As cenas que existem enquanto este têm as diretrizes ativas são do mais hilariante possível, desde recitar poesia, a ensinar sobre nutrição (And now ...a word on nutrition ) ou ainda a ler os direitos a um morto.
O filme desenvolve verdadeiramente a partir deste ponto. Ele eventualmente livra-se das diretrizes e acaba por apanhar o seu novo arqui-inimigo. O único problema é que a OCP têm planos para ele e torna-o no novo Robocop 2. Como sempre há algo que corre mal e o Robo obsoleto, vem salvar o dia. Em suma, temos de ter em conta que com o sucesso do primeiro, é sempre complicado ser melhor. Graficamente tem problemas, mesmo para a altura em que foi criado. Eu gostei bastante e aconselho se querem ter uma tarde de boa diversão


ROBOCOP 3

FICHA TÉCNICA
Gênero: Ação
Direção: Fred Dekker
Roteiro: Frank Miller, Fred Dekker
Elenco: John Castle, Judson Vaughn, Nancy Allen, Rip Torn, Robert Burke
Produção: Patrick Crowley
Fotografia: Gary B. Kibbe
Trilha Sonora: Basil Poledouris
Duração: 104 min.
Ano: 1993

SINOPSE
Desta vez, a OCP pretende destruir a cidade para construir, no lugar, uma supermetrópole, Delta City. O único apto a impedir este projeto é o policial-ciborgue Robocop (Robert Burke).

ANÁLISE???
Se existe uma maldição em trilogias que faz com que o terceiro filme sempre seja mais fraco que os demais, esta praga recaiu diversas vezes em RoboCop 3. Exemplo de como exterminar uma franquia, o longa-metragem dirigido por Fred Dekker não carrega nenhuma das qualidades que seus antecessores apresentavam. Ou melhor, carrega apenas uma: a trilha sonora de Basil Poledouris, que retorna com o tema do herói depois de ter ficado ausente em RoboCop 2 (1990). De resto, o “policial do futuro” pouco se assemelha ao que havíamos visto anteriormente, com uma trama que dispensa a violência e o humor negro que tanto chamavam a atenção no original, dirigido por Paul Verhoeven, transformando o robô em um arremedo de herói.

O roteiro foi escrito por Frank Miller – ou quase. Depois de ter uma experiência horrível ao observar praticamente todo o seu script jogado no ralo em RoboCop 2, o criador da clássica história em quadrinhos O Cavaleiro das Trevas não aprendeu a lição e decidiu assinar contrato para mais uma empreitada em Hollywood. Novamente, o estúdio vetou boa parte das ideias do roteirista, utilizando outros conceitos trazidos pelo diretor Fred Dekker, que havia assinado o divertido clássico da Sessão da Tarde, Deu a Louca nos Monstros (1987).
Na trama, o caos está totalmente instalado quando a OCP, agora controlada por japoneses, decide colocar em prática o plano da construção da nova Delta City, sua cidade modelo. Para que isso aconteça, os habitantes mais pobres do local acabam sendo despejados, criando um grupo de rebeldes que pretende brigar por seu direito de viver. RoboCop acaba ajudando os manifestantes enquanto precisa se cuidar com uma ameaça que surge na forma de um samurai robótico enviado especialmente para dar cabo do policial do futuro.

São muitos os equívocos desta continuação. O primeiro, e o que talvez chame mais a atenção dos fãs de RoboCop, é a ausência da violência escancarada. Se em 1987, Paul Verhoeven estourou o corpo de Alex Murphy e mostrava banhos de ácido como uma forma absolutamente chocante de pintar aqueles tempos de extrema brutalidade; e em 1990, Irvin Kershner continuou de alguma forma o banho de sangue, mas com algumas reservas; Fred Dekker minimiza tanto quanto pode o que vemos em tela. O estúdio procurava por uma censura baixa para o filme, tirando boa parte da essência da trajetória do personagem. A trama chega ao cúmulo de transformar o ameaçador ED-209 em uma máquina facilmente manipulável por uma criança. Além disso, o humor negro e ácido dos filmes anteriores é substituído por tentativas baratas de humor – por vezes involuntário, como o risível samurai robô que aparece de vez em quando na história.

Se não bastasse isso, a produção do filme é visivelmente barata, com escopo de programa de TV. Em 1994, foi produzido um seriado para o personagem e o longa-metragem mais parece um piloto para esta série do que o desfecho da trilogia iniciada por Paul Verhoeven. Nem Peter Weller, ator que viveu Alex Murphy/RoboCop nas produções de 87 e 90 quis voltar para esta continuação. Em seu lugar, foi chamado Robert John Burke, uma escolha que se não atrapalha, também não mantém a continuidade da franquia intacta. Pode soar estranho, visto que o herói passa quase todo o filme com um capacete escondendo boa parte do rosto. Mas a parte que podemos ver é tão diferente de Weller que não deixa de causar distração. Fora o fato de que o capacete, diversas vezes, aparenta não encaixar direito na cabeça do novo ator, balançando de forma como nunca havia acontecido com o Murphy original. Tudo isso deixa mais clara a pobreza do desenho de produção, que não foi capaz de consertar um detalhe importante como este.

Com decisões tenebrosas de plot – o desfecho de Lewis, parceira do herói vivida por Nancy Allen, é terrivelmente anticlimático, e o gadget voador de RoboCop é ridículo – o terceiro longa da franquia é uma sucessão de erros que nos faz perguntar quem deu Ok para tudo isso. A bagunça foi tão grande que nem o seriado de 1994, nem a minissérie de 2000, colocavam esta trama como algo do cânone do personagem, ignorando-o completamente. E é exatamente este lugar que RoboCop 3 merece: o total e perfeito esquecimento.


ROBOCOP - TV SÉRIE (1994-95)

A série canadense, produzida em parceria com a FOX, estreou em 1994, portanto logo após Robocop 3. O roteiro da série foi retirado de um dos roteiros descartados para a continuação Robocop 2. A série tentou colocar no elenco que participaram da trilogia, mas muitos recusaram, incluindo o ator Peter Weller, que interpretou o robô nos dois primeiros filmes. Devido também a alguns problemas com o estúdio MGM, dono dos direitos autorais da franquia, os nomes de certos personagens tiveram que ser alterados. A produção durou apenas uma temporada, contando no total com 22 episódios. A principal crítica feita a série foi a infantilização de vários temas abordados nos filmes, visando aumentar o sucesso frente ao público infanto-juvenil.

ROBOCOP - TV MINISSÉRIE (2000)

RoboCop: Prime Directives é um série de televisão canadense de 2000 com quatro episódios, do gênero ficção científica, dirigido por Julian Grant.
No começo de 2000, o herói cibernético já estava esquecido, 7 anos depois do seu último filme. A série com um total de 375 minutos se passa em um ambiente negro após o RoboCop 3, mostrando um personagem RoboCop mais triste e sozinho. O filme só faz referências aos antigos filmes de série de Robocop quando um dos empregrados da OCP faz uma fala sobre a tentativa de recriar RoboCop, usando o cadáver do bandido Cain no RoboCop 2. Outro personagem faz referência a Robocop 3 falando o nome do bairro Cadilliac Heights. Nos episódios "Dark Justice" e "Resurrection", RoboCop tem “flashblacks”do filme original.

EPISÓDIOS
"Robocop: Prime Directives 1 - Dark Justice"

Estamos de volta a Delta City, a megalópole futurista gerida pela Omni Products. Alex Murphy, aliás Robocop, meio humano, meio robo, totalmente polícia, sente que os anos não perdoam. Sente-se obsoleto porque está cada vez mais fraco. Mas a Cidade Mais Segura do Planeta está à beira de mais uma explosão de violência gerada por Bone Machine.

"Robocop: Prime Directives 2 – Meltdown’

O que resta de Alex Murphy, o seu cérebro implantado em Robocop, é atormentado pela recordação do assassínio do seu amigo John Cable. O que ele nem suspeita é que o cérebro de Cable foi também implantado num cyborg - um segundo Robocop. Como num velho western, o confronto final nas ruas é inevitável, num futurístico "duelo ao sol" nas ruas de Delta City.

"Robocop: Prime Directives 3 – Resurrection’

Robocop Murphy e cyborg Cable estão agora escondidos nos escombros da velha Detroit, para escapar à perseguição dos Robothunters. Salvos por dois bandos de mercenários rivais, o seu destino está traçado. Robocop é reparado por um bando de dissidentes idealistas, enquanto Cyborg Cable caiu nas mãos de um cientista louco sem escrúpulos...

"Robocop: Prime Directives 4 - Crash & Burn"

Delta City está a 24 horas de se tornar uma cidade totalmente controlada pela inteligência artificial. O super-programa SAINT é o último grito em tecnologia. Mas um vírus introduzido no sistema pelo Cyborg Cable, vai pôr em risco a vida dos habitantes de Delta City..

ROBOCOP (2014)

FICHA TÉCNICA

Gênero: Ação
Direção: José Padilha
Roteiro: James Vanderbilt, Joshua Zetumer, Nick Schenk
Elenco: Abbie Cornish, Aimee Garcia, Douglas Urbanski, Gary Oldman, Jackie Earle Haley, Jay Baruchel, Jennifer Ehle, Joel Kinnaman, John Paul Ruttan, Marianne Jean-Baptiste, Melanie Scrofano, Michael K. Williams, Michael Keaton, Miguel Ferrer, Samuel L. Jackson, Tommy Chang, Zach Grenier
Produção: Eric Newman, Gary Barber, Marc Abraham, Roger Birnbaum
Fotografia: Lula Carvalho
Duração: 117 min.

SINOPSE

Na Detroit de 2027, a empresa local Omnicorp quer colocar robôs para patrulhar as ruas norte-americanas, mas a opinião pública é contra. Quando um policial se fere gravemente, retorna à vida como um poderoso ciborgue na luta contra o crime, mas sua humanidade é um problema para a corporação, assim como sua eficiência

ANÁLISE

Quando anunciaram o remake da franquia sob a direção de José Padilha, o interesse pela história de Alex Murphy voltou. Faltando uma semana para a estreia no Brasil do novo RoboCop, voltei no tempo e revi, com seguramente mais de uma década de intervalo desde a última sessão, os dois primeiros filmes da trilogia clássica, de 1987 e 1990. Para que você se situe sobre o que esperar dessa crítica, antecipo: não gosto do RoboCop de Paul Verhoeven e menos ainda de RoboCop 2.

Em 1987, Verhoeven fez um filme com as suas assinaturas: programas de TV sensacionalistas apresentavam o estado caótico de Detroit, propagandas fictícias tiravam sarro do consumismo exacerbado da sociedade americana e a censura de 18 anos dava margem para mutilações e cenas gore que beiravam o caricato. A tecnologia, real e cinematográfica, dataram o filme de maneira ostensiva, ainda que haja muito de técnica ali merecedora de reconhecimento até hoje, como o stop motion, usado nas cenas do ED-209, compensando a falta de computação gráfica. Apesar de pouco ambicioso, pelo que li e ouvi o primeiro RoboCop foi um filme marcante por apresentar um futuro distópico fantasioso e excitante.

Em 2014, RoboCop deixa de ser um sci-fi puro. Como alguém já disse, o emprego da robótica passou, em menos de 30 anos, de um descompromissado “e se…” para algo inevitável a médio ou mesmo curto prazo. Drones já patrulham os céus, câmeras de vigilância registram a vida nas grandes cidades. Neste remake, Padilha atualizou a história, mudou o tom e conseguiu fazer, se não um filmaço, pelo menos um bem diferente (e melhor!) que aquele que o inspirou.

É fácil falar de um remake contrapondo-o seguidamente ao filme que lhe deu origem. Note que fiz isso um bocado, mas até por respeito ao novo diminuirei as comparações daqui em diante. Não é preciso recorrer a esse subterfúgio para comentá-lo.

O grande acerto do novo filme, aliás, é não se comparar com o clássico de 1987, não tentar replicar o tom escrachado, muito menos manter vivas algumas convenções talvez tidas como sagradas por fãs mais comprometidos. É um filme realmente novo, que apenas se aproveita das linhas gerais daquela história de um policial destruído que renasce como um ciborgue — e de algumas leves e bem encaixadas referências .

A gênese desse RoboCop é fruto de uma mistura de lobby político, pressão da mídia (personificada por um Samuel L. Jackson que mais uma vez interpreta a si mesmo) e capitalismo em estado puro. Um plot mais complexo, bastante atual. Como tudo que é “bastante atual”, um que corre o risco de ficar datado, mas que por ora cumpre bem a função de justificar o retrocesso que é colocar um ser humano, ou o que restou dele, dentro de um robô. Talvez isso salve o filme de ficar preso a 2014.

No futuro de RoboCop, robôs que garantem a paz em locais conturbados são realidade. Eles estão no mundo inteiro e logo de cara são apresentados ao espectador em uma transmissão ao vivo direto de Teerã. Lá, os robôs grandalhões ED-209, os humanóides EM-208 e drones XT-908 fazem uma varredura nas ruas em busca de suspeitos. Eles funcionam bem, são casos de sucesso no exterior. (Para vê-los em detalhes, faça uma visita ao site bacana da OmniCorp.) Por que estão em todo lugar, menos nos EUA? É o que questiona o personagem de Jackson.

Os EUA não permitem a presença de robôs nas ruas e esse impedimento é como entulho entupindo um cano de onde pode jorrar muito dinheiro do governo americano para a OmniCorp, a multinacional que os fabricam. A saída encontrada para forçar sua entrada nesse mercado, reverter a opinião pública e mudar a legislação é dar a um robô a coisa mais humana que existe: uma consciência.

Alex Murphy (Joel Kinnaman) mais uma vez está no lugar errado e na hora errada. Com o aval da esposa, Clara (Abbie Cornish), após quase morrer em um atentado ele se destaca na busca da OmniCorp pelo candidato perfeito para ser o RoboCop. Não o mais forte, nem o mais esperto, mas o mais equilibrado. Num ritmo tranquilo e compassado, a sua robotização, bem como os entraves que a consciência humana impõem a uma máquina de guerra e a difícil adaptação a essa nova vida dentro de uma armadura se desenvolvem bem.

Os dilemas morais da relação homem-máquina são explorados no relacionamento entre Murphy e sua família e no controle que a OmniCorp exerce sobre a (mais da) metade máquina do policial. Quando o fator humanidade atrapalha o desempenho das suas funções, Dr. Norton (Gary Oldman) e sua equipe fazem uns tweaks no cérebro dele para otimizar esse aspecto. Em último caso, o RoboCop pode ser desligado.

O filme é, antes de tudo, uma queda de braço entre a máquina e o homem, entre Murphy e a OmniCorp, e leva esse duelo ora sutil, ora escancarado até o ápice da história. Em segundo plano, questiona a terceirização da ordem para máquinas, o que poderia ser uma prequência de Matrix ou a base para discussões maiores. Essa subtrama, embora passe como um detalhe nesse filme, tem muito potencial. Sequências no horizonte? Espero que sim.

O RoboCop de 2014 é ágil: ele corre, pula, é bem flexível. Ele também carrega armas não letais, e embora isso pareça uma saída fácil para manter a classificação etária baixa (no Brasil, 14 anos), é uma abordagem que casa melhor com a ideia moderna de policiamento, de reagir na medida da ameaça apresentada. Não é nada próximo do sádico RoboCop de Verhoeven que atirava nos testículos alheios.

A inteligência artificial embarcada em Murphy atua paralelamente à sua consciência. Ela mapeia ambientes e elabora estratégias tão rápido quanto as executa. Murphy sempre sabe no que está se metendo e é interessante notar que em alguns momentos o seu lado humano se sobrepõe ao perigo e ele se lança em batalhas que reconhece perigosas, até mortais.

A conectividade está em alta, como estaria em uma versão real do RoboCop. Além do controle rigoroso que a OmniCorp exerce sobre a sua propriedade, Murphy tem na cabeça todos os bancos de dados gigantescos da polícia, acessa câmeras de vigilância em tempo real, é capaz de fazer associações e cruzar dados para solucionar crimes e localizar suspeitos.

Diferentemente do engessado RoboCop interpretado por Peter Weller no final da década de 1980, o novo é crível. O que se vê na tela, especialmente na desconfortável cena em que Murphy pós-Robocop é mostrado sem o maquinário que lhe transforma no policial do futuro, pode até ser questionado, mas dentro das premissas lançadas pelo roteiro, que se passa em 2028, as coisas se encaixam de maneira convincente. Sua inserção na sociedade também é mais viva. Se em 1987 ele parece uma entidade meio desconectada da polícia e da OCP, e ignorada pelo público, em 2014 ele é explorado pela propaganda do governo e da OmniCorp e é adorado pelos civis.

Esse RoboCop não é invencível. Logo no começo, Mattox (Jackie Earle Haley) deixa claro que sua carcaça não é páreo para munição calibre .50. Ainda assim, vemos um policial com capacidades sobre humanas, que ninguém consegue parar, munido com um senso de justiça que coloca em xeque o status quo e não faz distinção entre quem anda fora da linha. Ele é incorruptível, admirável. É fácil vibrar com um cara tão legal.

O elenco de RoboCop é recheado de caras conhecidas e de atuações bacanas, especialmente Michael Keaton como Sellars, uma espécie de Steve Jobs em um universo alternativo, no comando da OmniCorp. A produção é bacana e se o futuro de 2028 tiver aquelas interfaces e dispositivos maneiros, será um ano interessante para se viver. Eles são um show à parte.

O novo RoboCop não compartilha muito com a trilogia original. Até a música-tema, indefectível, é tocada uma ou duas vezes, e se destaca quando o título do longa surge na tela — ou seja, mais como uma homenagem/referência. Não foi preciso recorrer ao passado para se fazer um filme legal.

Com cenas de ação muito bem feitas, e sem deixar de lado questões mais urgentes (e complexas), eu pagaria bem mais que um dólar pelo RoboCop de 2014.



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