Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: Francis Ford Coppola, John Milius, Michael Herr
Elenco: Albert Hall, Bill Graham, Bo Byers, Colleen Camp, Cynthia Wood, Damien Leake, Daniel Kiewit, Dennis Hopper, Dick White, Father Elias, Frederic Forrest, G. D. Spradlin, George Cantero, Glenn Walken, Harrison Ford, Hattie James, Herb Rice, Jack Thibeau, James Keane, Jerry Ross, Jerry Ziesmer, Kerry Rossall, Larry Carney, Laurence Fishburne, Linda Carpenter, Marc Coppola, Marlon Brando, Martin Sheen, Robert Duvall, Ron McQueen, Sam Bottoms, Scott Glenn, Tom Mason, William Upton
SINOPSE
Em plena Guerra do Vietnam, por volta de 1969, um alto comando do exército americano designa o Capitão Benjamin L. Willard (Martin Sheen) para procurar e matar o Coronel Walter E. Kurtz (Marlon Brando), que havia supostamente enlouquecido e estava lutando a guerra à sua própria maneira com um grupo de combatentes nas selvas do Camboja. Subindo o rio num barco de patrulha e escoltado por quatro soldados, Willard depara-se com situações inacreditáveis e absurdas geradas pela guerra. À medida que se aproxima do destino e examina os documentos a respeito do coronel, seus pensamentos acerca deste e de sua missão vão se tornando cada vez mais confusos. O filme tem duas versões. A segunda, feita em 2001, chama-se "Apocalypse Now Redux" e tem 210 minutos, 60 minutos a mais de cenas adicionais. Esta versão foi reeditada pelo próprio Francis Ford Coppola.
EU E O FILME
Sou colecionador , e coleciono filmes de guerra inclusive. E este, para mim, é a maior obra de arte que o cinema de guerra produziu. Amo Resgate do Soldado Ryan, Além da Linha vermelha, Sem novidades no front, Asas, Nascido para matar, O pianista e A lista de Schindler, para dizer algumas preferências, mas Apocalypse Now está noutro patamar, Definitivo. Não haverá filme que guerra que serei mais fanático.
Não bastasse ter dirigido as obras-primas “O Poderoso Chefão” e “O Poderoso Chefão: Parte II”, o que já garantiu seu nome na história do cinema para sempre, Francis Ford Coppola ainda viria a dirigir e produzir em 1979, “Apocalypse Now”, maravilhoso estudo sobre a ambigüidade do ser humano e os irreparáveis efeitos causados pela guerra em sua mente. Repleto de cenas memoráveis e atuações marcantes, o longa consegue ser mais do que um libelo anti-guerra, explorando a fundo os limites da loucura e do poder, e mostrando ainda como é curta a distância e frágil a linha que separa a racionalidade da irracionalidade dentro do ser humano.
Após voltar do Vietnã, o capitão Benjamin Willard (Martin Sheen) é convocado pelas Forças Especiais do Exército para a secreta missão de encontrar e matar o coronel Walter Kurtz (Marlon Brando) que, segundo as autoridades do exército norte americano, enlouqueceu e passou a agir de maneira absolutamente incompreensível na selva do Camboja. Durante esta viagem o capitão Willard descobrirá, através dos horrores da guerra e de seu efeito alucinatório, que a distância entre o que se julga racional e irracional não é tão grande quanto imaginamos.
Logo no início de “Apocalypse Now” somos apresentados ao clima alucinante do longa, através das imagens de bombardeios na selva ao som da música “The End”, do The Doors. Em seguida, as imagens de um ventilador e de uma hélice de helicóptero se misturam, refletindo o pensamento do capitão Willard, que deseja desesperadamente voltar para a selva por não saber mais conviver em sociedade. Encontrado em meio a uma crise de alcoolismo, onde inclusive se fere ao quebrar um espelho, ele vê no convite das Forças Especiais do Exército (repare a pequena participação de Harrison Ford, que se consagraria um astro dois anos depois) a oportunidade de regressar ao combate, sem saber que ao aceitar o convite, viveria uma experiência que mudaria sua vida para sempre.
Coppola (que faz uma ponta no filme como o diretor de TV) dirige “Apocalypse Now” com extrema elegância, criando planos e seqüências absolutamente inesquecíveis, como o ataque aéreo a uma aldeia vietnamita na beira da praia, ao som de “A Cavalgada das Valquírias”, de Wagner, e a cena em que jatos espalham napalm na selva. Além disso, o diretor consegue criar seqüências incrivelmente realistas durante os combates, fazendo com que o espectador se sinta dentro do conflito e permitindo que ele viaje pelo horror da guerra ao lado de Willard. Observe, por exemplo, os excepcionais planos aéreos durante um ataque dos helicópteros, intercalados com imagens de crianças brincando na aldeia, deixando clara a crueldade daquele ataque, escancarada quando estas pequenas crianças correm pra se esconder. Coppola ainda explora ao máximo as lindas paisagens da região para compor imagens impactantes, como no impressionante ataque dos nativos ao barco do capitão Willard, logo após uma fumaça rosa ser espalhada pelo ar. O diretor também cria momentos de suspense, provocando grande susto na cena do ataque do tigre, que arranca do Chefe (Frederic Forrest) as mais profundas verdades (e arranca também qualquer um da cadeira), e cenas tocantes, como quando Clean (Laurence Fishburne, muito jovem e em boa atuação) morre ao lado do gravador em que ouvia a voz de sua mãe.
Dirigido magistralmente por um gênio do cinema, interpretado de forma magnífica por um elenco de peso e contando ainda com um apurado e maravilhoso trabalho técnico, “Apocalypse Now” transcende e muito o gênero “filme de guerra”, levantando inúmeras questões sobre a natureza cruel do homem, os resultados trágicos de sua busca pelo poder e os efeitos irreversíveis do horror da guerra. E o melhor de tudo é que “Apocalypse Now” jamais responde diretamente as questões que levanta, deixando o espectador refletir sobre tudo o que viu e chegar às suas próprias conclusões, o que é sempre admirável. Após assistir esta obra-prima de Francis Ford Coppola, o espectador tem a sensação de que, independente de seu resultado final, a guerra não tem vencedores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário